Religião Afro na Bahia
Foi na Bahia que se levantaram os primeiros cultos (Templos) africano no país. Sabe-se que com a diáspora forçada pela escravidão nas Américas, fincaram raízes no Brasil, a nova terra do povo além mar.
Se a Bahia foi o berço dos rituais afro no Brasil, por outro lado, também foram marcados por um cenário de violência e perseguições, os adeptos dessa época, maioria negros, escravos, crioulos, africanos ou descendentes eram denunciados como criminosos, por praticarem bruxarias e ou infestarem a população com malefícios.
Em relação à inauguração dos primeiros templos afro na Bahia, não existem referencias sobre uma data específica, porem segundo historiadores e tradições orais, o primeiro candomblé teria sido fundado em terras situado na Barroquinha, centro histórico de Salvador. Entretanto não havendo uma data precisa existe uma estimativa da data, citados por antropólogos ligados ao Axé Opô Afonjá que dizem que tal inauguração teria sido entre o final do século XVIII a meados do século XIX. Também referente a esta data podemos tomar por base, a data do primeiro congresso Afro Baiano, no ano de 1943, em que neste evento existia uma exposição em homenagem aos 154 anos de fundação do referido candomblé.
Levando em conta isso podemos dizer que o então candomblé teria sido fundado em 1789, data esta que coincide com a chegada dos escravos Nagô do Reino de Ketu (Nigéria – Benin). Estes terreiros enfrentaram várias perseguições, inclusive invasões policiais, que o forçaram a mudar de lugar. A perseguição do candomblé de ações políticas da época. A tirania colonial ainda que independente politicamente, não admitia uma organização africana, situado ao centro, sendo assim um dos motivos que teria levado o candomblé da Barroquinha recuar para a periferia.
1. apreciação pelo poder judiciário de ameaça ou lesão a direito. Esse princípio repercute no poder judiciário, na medida que obriga a dizer o direito sempre que provocado.
2. Hoje este candomblé é um dos maiores e mais respeitado do Brasil; conhecido oficialmente com IIê Axé Iyá Nassô Oká.
3. Nagôs do reino Ketu (Território cortado em dois pela fronteira Nigéria\ Benin).
E foi baseado nestes fatos, que a maioria dos candomblés surgidos depois, desenvolvia as suas atividades no subúrbio de Salvador. Mesmo assim os povos candomblecistas não escapavam das perseguições e das denuncias. Um fato curioso, que qualquer pesquisador vai notar sobre os cultos afros, é que atrás do preconceito, estigma do negro, existia entre os perseguidores, brancos, senhores, policia certo fascínio pelo culto, uma mistura de curiosidade, medo e ate certo interesse por tal fato. Não era incomum na época, por “debaixo dos panos”, gente da elite, autoridades buscarem favores dos orixás nos candomblés. Os candomblés para se manterem um pouco a salvos de perseguições acabavam apoiando políticos, que prometiam proteção e defesa.
São “expressões tipo “esses negros malditos”, “essas religiões de negros”,” “esses animais” que nos dão a idéia que a maioria das perseguições estava impregnada de racismo muito mais que as ideologias religiosas. Quando apreendiam algum artefato de terreiro, procuravam colocar os objetos separados e organizados, conforme encontravam dentro dos terreiros, aqui cabe uma indagação: seria por respeito ou por medo?
[...] No museu da policia estavam dispostos como em um terreiro, com as imagens dos Exus separados das dos outros Orixás, os atabaques separados das imagens e os “trabalhos para fechar caminhos”, com estantes separadas dos “trabalhos para abrir caminhos”. [...] (Revista de Historia da Biblioteca nacional)
Cabe aqui salientar que muitas das pessoas que iam visitar o museu acabavam deixando moedas, velas perante aqueles altares, que na verdade não estavam ali ocupando seu lugar merecido (sacro) e sim como prova de um crime de feitiçaria, isto deixava os responsáveis pela guarda do lugar apavorados, pois aquilo tratava de coisas do negro, objetos com poder e exercia fascínio pelas pessoas, isto seria o poder da magia negra? As forças ocultas trazidas da África?
Quanto uma data precisa dos primeiros candomblés fundados na Bahia ou no Brasil, é bem complicada precisarmos, pois por falta de literatura, ou até mesmo pela própria deformidade dos mesmo, torna-se muito difícil captar estas informações, e por incrível que possam parecer, nossas maiores fontes de registros são os próprios registros policiais da época que nos servem de referencia de estudos nos dias atuais. Fora isto contamos com tradições orais ,historia e relatos que ultrapassaram no tempo ,passando de pais para filhos etc.
Sabemos que a historia e trajetória do negro, bem como a religião foi contada nas rodas de candomblé, nas famílias de escravos e ex escravos que tentavam deixar uma lembrança, uma herança cultural aos seus descendentes, então tudo que sabemos de certo é que esta cultura étnica e religiosa foi contada como lenda e historias que aqui ficaram e mantém se viva como um legado dos que de aqui já partiram.
A semente cultural e religiosa do negro plantada na Bahia foi com o tempo se ramificando por todos os estados brasileiros, e nos mesmo foi se adaptando as necessidades e realidades do povo, do próprio estado como um todo e realidade social. Tirando a Bahia,e sem desmerecer os demais estados um outro estado que teve e tem uma importância impar na historia e religiosidade do negro ,é o Estado do Rio Grande do Sul,aqui a religião de matriz africana é muito cultuada ,com a denominação de nação ou Batuque.Existem relatos de uma antiga denominação faladas pelos negros de antigamente ,a denominação era os PARÁS ,OS PARÁS DO RIOGRANDE DO SUL.
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