O SINCRETISMO E A UMBANDA

Sincretismo

            Em virtude de toda uma perseguição, e da própria inquisição da igreja aos negros, eles buscaram nas imagens católicas um meio para burlar os senhores de engenhos, a igreja e a polícia. Fazendo assim, uma aceitação das imagens, porém não seus significados. Nasce então o sincretismo religioso, por motivo dos mesmos criaram-se na atualidade datas festivas que chamamos de “datas de tradição” e “datas de fundamento”. Datas de tradição são datas comemorativas que mantemos apenas por tradição, como por exemplo, 02 de Fevereiro tradicionalmente festejamos Iemanjá, entretanto é uma data do catolicismo destinada a Nossa Senhora dos Navegantes.

Datas de fundamento são as que mais têm importância no culto afro, pois estão ligadas ao dia do fundamento ou assentamento de um determinado orixá, por exemplo, um orixá Iemanjá assentado ou fundamentado no dia 15 de maio, passará ter sua data para festa neste dia, assim o filho de Iemanjá fundamentada neste dia terá como data de fundamento para seu orixá o dia 15 de maio. Sendo esta data a nível de obrigação um sentido coercivo, entretanto nada impede que esta pessoa também comemore por tradição sua Iemanjá no dia 02 de fevereiro, porém como uma data facultativa.

 Na verdade os cultos africanos não idolatram imagens e os orixás são representados por pedras (acutá) encontrados na natureza que juntamente com ferramentas especificas formam o assentamento e o axé do orixá. Cada orixá tem um acutá especifico e assentamento particulares.

Os cultos africanos no Brasil têm como modelo o candomblé da Bahia, estes cultos têm nomes diferentes que os designam-nos vários estados do país, sendo assim têm tambores de Minas, os xangôs, a macumba carioca, macumba de São Paulo o candomblé da Bahia e o batuque do Rio Grande do Sul. Todos esses cultos acabam sendo disforme, porque dependendo do estado que se estabeleceram adaptarão se as necessidades e cultura do mesmo.

Podemos afirmar que este fenômeno chamado sincretismo foi o que permitiu a sobrevivência das religiões africana no Brasil, porém o mesmo contribuiu para a deformidade desses cultos, porque acabou introduzindo outros costumes e formas de ritos que na África quiçá não tivesse. Trouxe outros elementos para dentro dos cultos que acabou formando  a religião afro brasileira.

Umbanda

            A umbanda é uma religião brasileira, nasceu e se desenvolveu liturgicamente no Brasil. Para conceituarmos a umbanda diríamos que a mesma é uma mistura de crenças, pois, adota em seus elementos litúrgicos, dogmas do catolicismo, ritos afro, espíritas e indígenas.

            O sincretismo está muito forte nesta religião e quanto as entidades cultuadas variam de nomes de orixás africanos somados por dialetos e qualidades dos índios brasileiros. Enquanto a nação cultua os orixás na integra ( espírito, força da natureza desprovidos de matéria, nunca materializados) a umbanda trabalha com guias espirituais, caboclos, pretos velhos, mensageiros e outros. Muitos deles tendo passado pelo plano terrestre.

            Se fossemos identificar a origem ritualística da umbanda, diríamos que além das imagens católicas, o incenso (defumação) são semelhanças com o rito católico, as roupas, colares e demais fetiches usados, bem como o tambor e os pontos cantados são influencias dos cultos afros. A prece, os passes são influencias espíritas. Já o nome dos guias espirituais nos faz lembrar nossos índios dando como exemplo “cacique pena branca”, “cacique tupinambá”, “falange guarani”, “povo tupi”  e outros.

            A umbanda pelo que sabe, nasceu de uma controvérsia de uma casa espírita  centro espírita kardecista)

. Diz a historia que o médium Zélio ao incorporar um espírito teria sido expulso por o mesmo não condizer com a linguagem costumeira de tal sessão, que habitualmente trabalhavam com espíritos de médicos, professores, advogados, todos desencartados, que quando se manifestavam nos médiuns usavam uma linguagem rebuscada e com uma influencia muito forte do espiritismo europeu.

            A tal entidade manifestada em Zelio não sendo aceita na dita doutrina, recusou-se a dar seu nome, pedindo apenas que avisasse ao médium Zelio que no outro dia manifestaria-se, novamente na casa do mesmo para dar nome e inicio a

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nova religião. Religião esta que teria como base três pilares filosóficos: amor, verdade e justiça. Seria uma religião para todos, sem preconceito de raça, cor ou poder aquisitivo, religião de um só Deus que através de guias espirituais daria sua mensagem. Como prometido a entidade chegou, ditou dogmas e deu-se inicio a nova religião, neste mesmo dia também manifestou-se neste mesmo médium um espírito de preto velho, chamado “Pai Antonio” que ajudou a delinear o perfil das linhas de umbanda.

            Para os não adeptos da religião umbanda, nação, candomblé tudo é a mesma coisa, porém na verdade a umbanda apesar de ter raízes da África é uma religião brasileira, única religião nascida no Brasil.

[...] Em relação ao nome da entidade contam que o caboclo respondeu: “ já que querem que eu tenha um nome me chamem de caboclo sete encruzilhada, pois em meus caminhos não haverão caminhos fechados.” No dia marcado estava Zelio e com ele muitos amigos e simpatizantes que aquela entidade conquistou.[...]